Com raízes nos idos anos noventa, os Três Tristes Tigres, em torno de uma ideia de desmantelamento da canção pop, criaram dois dos albúns mais relevantes dessa década da música portuguesa, Guia Espiritual (1996) e Comum (1998), objectos estranhos que se alimentavam de uma electrónica pilhada ao trip-hop, aplicada a uma estética pop-rock. Regressam inesperadamente em 2020, depois de um longo período de hibernação de 20 anos com Mínima Luz, uma obra em que o adjectivo sublime é pequeno para abraçar tamanha grandiosidade, uma criação gloriosa que surge do encontro estonteante entre as muitas vozes da Ana Deus, a poesia da Regina Guimarães e o arsenal de soluções de guitarra e eléctrónica do Alexandre Soares.
PS: grande parte do texto foi literalmente gamado ao Gonçalo Frota da Ipsílon. A culpa é dele, não tem nada que escrever assim tão bem.